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COP 28: UM PALCO, DOIS CENÁRIOS




Dentre as primeiras impressões da 28º Cúpula sobre Mudanças Climáticas, a COP28, destacam-se aquelas que nos deixam uma sensação dúbia: por um lado, avanços na agenda de proteção às florestas, como a ideia da criação do Fundo Floresta Tropical para Sempre e o Fundo de Perdas e Danos, por outro, a evidente inclinação para a manutenção do uso de combustíveis fósseis.


FUNDO FLORESTA TROPICAL PARA SEMPRE


O Governo Brasileiro apresentou a proposta do FFTS - Fundo Floresta Tropical para Sempre, para que países com fundos soberanos, entre outros investidores, coloquem seus recursos em um fundo criado para manter as florestas tropicais em pé e conservadas. (Agência Brasil)


O fundos soberanos são fundos de investimento que possuem um objetivo predeterminado e geralmente são oriundos dos ganhos em royalties, excedentes de arrecadação fiscal e lucro de empresas estatais.(Exame)


O fundo teria, de acordo com o MMA, o objetivo de gerar recursos que seriam usados em projetos de preservação desenvolvimento econômico dos povos que vivem da floresta. Além dos fundos soberanos, o FFTS poderia captar recursos da indústria do petróleo e de investidores no geral. (Agência Brasil)


FUNDO DE PERDAS E DANOS


Embora o acordo firmado na COP 27 tenha trazido resultados para este início de conferência, não dá para celebrar, ainda.


Outrora tenha sido anunciado a criação do Fundo de Perdas e Danos Climáticos, para apoiar países afetados pelas mudanças climáticas, os valores são irrisórios perto da real demanda, cobrindo cerca de 2% do valor necessário. Claro, este é um ponto de partida, mas a ampliação deste valor depende da pressão da comunidade internacional sobre países ricos e das transnacionais responsáveis pelo alto volume de emissões de carbono.


A criação do fundo, uma conquista com o amargo sabor de sua atual insuficiência, soma-se ao fato de que o petróleo tem ganhado um papel de destaque na conferência, mas não da maneira que esperávamos.







DO FFPO AO LOBBY


“Limitar o aquecimento a 2°C (>67%) ou menos resultará em ativos irrecuperáveis. Cerca de 80% do carvão, 50% do gás e 30% das reservas de petróleo não podem ser queimados e emitidos se o aquecimento for limitado a 2°C. Espera-se que um número significativamente maior de reservas permaneça por queimar se o aquecimento for limitado a 1,5°C. (alta confiança) {WGIII SPM B.7, WGIII Box 6.3}””

A afirmação acima, do Grupo de Trabalho III do 6º Relatório de Avaliação sobre Mudanças Climáticas do IPCC deixa uma mensagem clara. Para mantermos a meta de 1,5ºC acima do período pré-industrial, a COP28 precisará deixar como resultado um calendário objetivo de eliminação dos combustíveis. O chamado “fossil fuels phase-out”, ou FFPO. (Observatório do Clima)


Entretanto, documentos vazados pela BBC indicariam que os Emirados Árabes planejavam usar seu papel como anfitrião da Cúpula para fechar acordos sobre gás e petróleo. O escândalo traz luz às críticas feitas pela escolha de Sultan al-Jaber - CEO da empresa petrolífera estatal do país - para a presidência da cúpula.


Segundo a matéria, um dos países que estariam envolvidos nestes acordos seria o Brasil, possível novo membro da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e Aliados (Opep+).


Ainda há muito o que ser decidido nesta COP, que acontece no ano mais quente já registrado na história, entretanto, os primeiros dias deixam um recado importante, a existência de duas agendas dissonantes em relação à questão climática. Se, por um lado, os investimentos em recursos que serão voltados à compensação de danos climáticos são acordados mas ainda de forma incipiente, por outro, não há indícios de que os estados e empresas do ramo dos combustíveis fósseis tenham interesse em diminuir seus lucros.


É preciso reiterar. Um futuro mais justo e equilibrado depende da floresta em pé, mas o colapso climático só será evitado com o corte das emissões - e não emissões líquidas - de carbono.


Com informações de:

Agência Brasil

BBC

Exame

O ECO

Observatório do Clima


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